Se décadas atrás o casamento costumava ser um sonho compartilhado por muita gente, hoje, “ficar para titia” ou se tornar um “solteirão convicto” não parece ser mais uma grande preocupação. Pelo contrário, o matrimônio e até mesmo os relacionamentos mais sérios não têm sido uma prioridade das gerações mais jovens. É isso o que mostra um levantamento feito pelo Datafolha. Segundo a pesquisa, feita em 2022, pessoas com idades entre 15 e 29 anos têm como prioridades a saúde e a família, enquanto sexo e casamento ocupam os últimos lugares entre os itens prioritários. O relatório fez mil entrevistas, em 12 capitais brasileiras – entre elas, Belo Horizonte.
Mestranda em educação, a pesquisadora Maíla Ambrósio, de 28 anos, é uma das pessoas que se encaixam nessa estatística. “É claro que, às vezes, algo pode fugir do controle, não sabemos quando e por quem vamos nos apaixonar, mas, mesmo assim, um relacionamento nunca foi minha prioridade”, conta ela. Aliás, estar em uma relação tem sido algo que ela tem evitado nos últimos tempos. “Quando fui aprovada no mestrado, em 2022, coloquei como meta só entrar em um relacionamento quando eu terminasse a pesquisa, porque eu sou o tipo de pessoa que doa tudo ou nada, então, se eu estivesse em uma relação, isso poderia prejudicar minha trajetória profissional; ou o contrário, o meu foco nos estudos poderia fazer com que eu não estivesse 100% dentro de uma relação”, justifica.
Embora não descarte a possibilidade de ter, no futuro, um relacionamento como prioridade, a pesquisadora reitera que está satisfeita com a escolha que fez. “Eu amo meu trabalho, sou muito feliz enquanto o realizo. Então o meu foco é mesmo isso, fazer o meu mestrado da melhor maneira possível; mas não posso falar que vou ser assim para sempre, porque não tem como saber o que realmente vai acontecer”.
A experiência de Maíla está, de certa forma, alinhada com o que observa a psicóloga Renata Borja. Especialista em terapia cognitivo-comportamental, ela pontua que os mais jovens têm adiado o casamento, os relacionamentos mais sérios ou, quando há o desejo, a própria constituição de uma família. “Existe uma tendência, dentro do meu ver, de as pessoas começarem uma família mais tarde”, afirma. Ela pondera que vários fatores podem estar ligados a essa decisão, inclusive o próprio aumento da expectativa de vida e o avanço da medicina – que permitem, por exemplo, que as mulheres sejam mães mais cada vez mais tarde.
Mestranda em educação, a pesquisadora Maíla Ambrósio, de 28 anos, é uma das pessoas que se encaixam nessa estatística. “É claro que, às vezes, algo pode fugir do controle, não sabemos quando e por quem vamos nos apaixonar, mas, mesmo assim, um relacionamento nunca foi minha prioridade”, conta ela. Aliás, estar em uma relação tem sido algo que ela tem evitado nos últimos tempos. “Quando fui aprovada no mestrado, em 2022, coloquei como meta só entrar em um relacionamento quando eu terminasse a pesquisa, porque eu sou o tipo de pessoa que doa tudo ou nada, então, se eu estivesse em uma relação, isso poderia prejudicar minha trajetória profissional; ou o contrário, o meu foco nos estudos poderia fazer com que eu não estivesse 100% dentro de uma relação”, justifica.
Embora não descarte a possibilidade de ter, no futuro, um relacionamento como prioridade, a pesquisadora reitera que está satisfeita com a escolha que fez. “Eu amo meu trabalho, sou muito feliz enquanto o realizo. Então o meu foco é mesmo isso, fazer o meu mestrado da melhor maneira possível; mas não posso falar que vou ser assim para sempre, porque não tem como saber o que realmente vai acontecer”.
A experiência de Maíla está, de certa forma, alinhada com o que observa a psicóloga Renata Borja. Especialista em terapia cognitivo-comportamental, ela pontua que os mais jovens têm adiado o casamento, os relacionamentos mais sérios ou, quando há o desejo, a própria constituição de uma família. “Existe uma tendência, dentro do meu ver, de as pessoas começarem uma família mais tarde”, afirma. Ela pondera que vários fatores podem estar ligados a essa decisão, inclusive o próprio aumento da expectativa de vida e o avanço da medicina – que permitem, por exemplo, que as mulheres sejam mães mais cada vez mais tarde.
Além disso, Renata observa certas dificuldades associadas à geração mais nova – principalmente entre pessoas que estão entre os 18 e 25 anos – que podem impactar diretamente a forma como elas se relacionam. “Eles têm mais medo do fracasso e aversão ao erro. Estão mais vulneráveis e com uma preocupação muito elevada”, diz a psicóloga. A base para a afirmação é sua pesquisa de mestrado, que avaliou as atitudes e crenças relacionadas ao sucesso em diferentes gerações, observando suas prioridades e até mesmo avaliações sobre a vida e o futuro.
Frustrações
A conclusão de Renata vai ao encontro do que aponta a psicóloga Leni de Oliveira. Apesar de destacar que as pessoas têm aprendido a viver melhor sozinhas, ela também nota que há uma dificuldade grande em lidar com frustrações entre os mais jovens. “E isso é algo fundamental em relacionamentos mais longos”, afirma.
Um estudo conduzido pela professora de sociologia Lisa Wade, da Universidade de Tulane, em Nova Orleans, nos Estados Unidos, também evidencia essa dificuldade e a própria resistência das gerações mais novas a se envolverem em relações. Conforme o levantamento, a geração Z, que compreende os nascidos entre 1995 e 2010, é mais relutante para namorar ou se envolver amorosamente em qualquer formato de relacionamento. O resultado dessa relutância pode ser observado também em outros estudos, como um desenvolvido globalmente pela Vice em setembro de 2020. Segundo o relatório, apenas um em cada dez membros da geração Z estão comprometidos em ter um relacionamento.
Pandemia gera impactos nas relações amorosas
Entre os inúmeros fatores que provocam essas mudanças, a pandemia também precisa ser considerada, já que gerou muitas transformações nos comportamentos, além de impactos sociais, psicológicos e econômicos em larga escala. “Neste momento pós-pandêmico, as pessoas têm se preocupado mais com a saúde mental e financeira”, destaca a psicóloga Leni de Oliveira. Ela pontua ainda que houve, nos últimos anos, uma mudança de valores. “Ter um par, nos padrões normativos, não significa mais o grande objetivo da vida, como fora no passado, visto que isso não se apresenta mais como uma segurança para o futuro”, explica.
As mudanças econômicas, amplificadas ainda mais pelas medidas utilizadas na contenção do vírus da Covid-19, também transformaram as relações e os planos. “O sonho de ter uma casa, um carro, filhos e o próprio ritual de casamento ficam achatados com a dificuldade de ter um emprego e com o aumento do custo de vida”, acrescenta a psicóloga.
Para Leni, mesmo que bons relacionamentos tenham um potencial enorme de impulsionar a sociedade para um crescimento, a relutância para se envolver também pode ser justificada. “São tantos anos de sofrimento, descaso e abusos vivenciados, que acredito ser esperada esta resistência a se relacionar. Pessoalmente, vejo como um momento em que as pessoas estão querendo ‘curar’ a si mesmas e estão menos preocupadas com perseguir um ideal imposto pelas gerações anteriores”, conclui.
Da Redação Na Rua News
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