Em abril, o BC organizará um workshop com as instituições financeiras e as empresas de tecnologia para repassar as orientações. A partir de maio serão selecionados os participantes do projeto-piloto. A ideia é que as instituições contribuam no desenvolvimento de aplicações.
Durante a condução do Piloto RD, será criado um fórum para troca de informações e adequada orientação das expectativas em relação ao desenvolvimento dessa plataforma e dos testes propostos.
Real Digital x Pix: entenda a diferença
Segundo o Banco Central, o Real Digital funcionará como um Pix em larga escala, que permitirá transferências instantâneas de grandes valores no atacado, como grandes empresas e instituições financeiras. “O foco do projeto são ativos do mundo real tokenizados, não criptoativos”, esclareceu Fabio Araujo durante a coletiva.
Guilherme Bento, diretor de criptomoedas e sócio da Acqua Vero, explica que, enquanto o Pix é focado em serviços de pagamento, o Real Digital vai ser destinado a transações financeiras de forma geral.
“O Banco Central vai focar o desenvolvimento de três categorias do projeto no ambiente digital. No atacado, vai funcionar pra relacionamento interbancário, vai ser a moeda do BC; o que a gente faz analogia às reservas bancárias. Já no varejo, vai ser versões ‘tokenizadas’ de depósitos bancários ou de saldo também das mesmas instituições bancárias. E também será utilizada para títulos públicos federais, que são os ativos do governo federal”, explica.
E, apesar do nome Real Digital ter ficado popular, o BC acabou nomeando de forma diferente cada ativo que ficará disponível com a novidade:
- Real digital: específico para atacado ou transações entre bancos
- Ral Tokenizado: direcionado ao varejo; depósitos bancários se transformarão nesses tokens (representação digital do dinheiro tradicional)
- Títulos do Tesouro Direto: títulos públicos federais
Outra diferenciação do Real Digital para o Pix é a possível aplicação na internet das coisas, lembra Bento. “Com uso da tecnologia da automação e da inteligência artificial, vai ser possível criar sistemas de pagamento e de transações de forma muito mais ágil e segura, permitindo a comunicação direta entre os dispositivos na rede. O Real Digital vai poder ser utilizado para pagamentos automatizados, como maquininhas e carros conectados. Isso vai oferecer novas oportunidades de negócios”, destaca.
Moeda trará benefícios, mas adesão vai depender de ações do governo
Além da economia com a emissão de papel moeda, Guilherme Bento, sócio da Acqua Vero, aponta que o Real Digital vai trazer mais agilidade nas operações financeiras e até combater a lavagem de dinheiro e evasão fiscal. “Vai ter todo o histórico do dinheiro. As transações vão ser registradas em uma rede descentralizada”, explica.
Para Bento, a implementação da novidade será o grande desafio do governo federal, visto que será necessário uma grande infraestrutura de TI, muito robusta e segura, para garantir a integridade e confidencialidade das transações. “É importante também que a gente tenha uma usabilidade dessa moeda. Tem que ter muitas pessoas e empresas usando essa forma de pagamento para que ela se torne viável”, observa.
Entre os caminhos apontados por ele para o governo incentivar a adoção da nova moeda, está a facilitação para as pessoas da troca do real papel pelo Real Digital. “Reduzir taxas nessa questão da conversão e dar incentivos fiscais no pagamento de impostos pode tornar o uso do Real Digital mais atraente pelas pessoas e empresas”, afirma.
Tira-dúvidas sobre o Real Digital
Real digital não é criptomoeda
O Real Digital será uma CBDC (Central Bank Digital Currency), uma moeda alternativa que tem o mesmo valor do dinheiro que levamos na carteira. Você terá códigos, gerados pelo Banco Central, indicando os valores. Esses códigos são conhecidos como tokens.
É importante ressaltar que o Real Digital não é uma criptomoeda, que está à margem do mercado financeiro regular e favorece práticas ilegais como lavagem de dinheiro e financiamento de tráfico. As criptomoedas não são reguladas pelo Banco Central, tem emissão privada, anônima até mesmo para a Receita Federal, e características de investimentos, sofrendo acentuadas oscilações. O Real Digital será regido pelas mesmas política monetária do real tradicional, oferecendo maior estabilidade.
Qualquer pessoa poderá usar para qualquer transação
O Real Digital será emitido pelo Banco Central, como extensão da moeda atual, e distribuído por bancos, instituições financeiras e outros sistemas de pagamento. A moeda terá a mesma cotação e poderá ser usada por qualquer pessoa, em qualquer lugar do mundo, sem necessidade de conversão em bancos. Servirá tanto para transações no atacado quanto no varejo. Isso favorece a economia com o papel-moeda, incentiva novos modelos de negócios em ambiente virtual e pode inibir a lavagem de dinheiro.
Qual a segurança dessa moeda?
O Real Digital usará a tecnologia DLT (Distributed Ledger Tecnology), utilizada na rede blockchain, por exemplo, um mecanismo de banco de dados que usa criptografia para inibir ataques cibernéticos e vazamento de informações.
Cada depósito do Real Digital terá um token, uma representação digital do dinheiro no sistema de registro.
Quando ela será implantada?
O Banco Central começou agora em março o projeto piloto do Real Digital e a expectativa é que até o final de 2024 ele esteja ativo para toda a população. Em maio, serão escolhidos os participantes do projeto-piloto.
Por Brenda Oliveira / Da Redação Na Rua News /Com informações da Agência Brasil.
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