Seis em cada dez pessoas em Portugal têm pelo menos um dente faltando, e mais de metade não substitui os dentes perdidos, de acordo com dados atualizados do Barómetro da Saúde Oral 2023.
A 8ª edição do Barómetro da Saúde Oral, realizado pela Ordem dos Médicos Dentistas (OMD), revela que apenas 41,1% dos 1.102 inquiridos com 15 anos ou mais apresentam dentição completa, excluindo os dentes do siso. Embora esse número represente uma melhora em relação a anos anteriores, ainda é um indicador preocupante.
O estudo, também aponta que 22,8% dos participantes não têm seis ou mais dentes, o que compromete a qualidade da mastigação e a saúde bucal. Desses, 18,2% não substituíram os dentes ausentes, o que representa um aumento de 1,8 pontos percentuais (p.p.) em comparação com 2022, mas uma redução de 5,6 p.p. em relação a 2018.
“Embora cerca de 59% da população tenha falta de pelo menos um dente, esse número é significativamente menor do que no último barómetro, com uma redução de 8,8 pontos percentuais”, destaca o estudo. Além disso, 6,2% dos inquiridos não têm nenhum dente, índice semelhante ao de 2022 (6,4%).
Para o bastonário da OMD, Miguel Pavão, esses números são “preocupantes” e “demonstram a urgência na implementação de medidas há muito sugeridas pela Ordem, como a criação do cheque-dentista para próteses e a formação de uma carreira especializada no SNS para atrair mais profissionais”.
Em relação ao acesso aos cuidados dentários, o Barómetro revela que 64,4% dos portugueses vão ao dentista pelo menos uma vez por ano, o que representa uma queda em relação a 2022, rompendo uma tendência de crescimento nos últimos anos. O estudo também aponta que aumentou em 2,4 p.p. a porcentagem de portugueses que nunca visitam o dentista (10,3%) ou só o fazem em situações de urgência (30,8%). Além disso, entre aqueles que têm falta de seis ou mais dentes naturais, apenas 46,2% frequenta consultas anuais, um aumento de 0,3 p.p. em relação ao ano passado.
A pesquisa destaca ainda que os mais velhos são os que mais relatam nunca ter ido ao dentista. Entre os portugueses com 65 anos ou mais, 9,9% nunca procuraram atendimento odontológico. O estudo também mostra que, em geral, quanto menor a escolaridade, menor a regularidade nas visitas ao dentista.
Analisando as regiões, observa-se que a Grande Lisboa (10,3%) e o Litoral Centro (8,2%) são as áreas com maior índice de pessoas que afirmam nunca ter ido ao dentista, enquanto o Grande Porto (0,9%), Litoral Norte (0,5%) e Madeira (0%) apresentam os menores índices.
Quanto aos menores de seis anos, a porcentagem de crianças que nunca visitaram o dentista caiu pelo segundo ano consecutivo. Em 2021, a taxa era de 73,4%, em 2022 foi para 65,2%, e este ano caiu para 53,5%.
O número de inquiridos que afirmam não ter necessidade de consultar o dentista aumentou para 71,3% (mais 21,1 p.p. em relação a 2022), retornando aos níveis de 2021. Por outro lado, a porcentagem de pessoas que afirmam não ter dinheiro para consultas diminuiu em 5,1 pontos percentuais, ficando em 24,4%.
Uma das principais razões para essa disparidade é o fato de 66,8% da população desconhecer que o SNS oferece serviços de odontologia, uma cifra que aumentou consideravelmente em comparação aos 55,9% de 2022, conforme destaca a OMD.
Miguel Pavão comentou que “a medicina dentária tem sido apresentada como uma prioridade na saúde, mas na prática não existe uma estratégia clara para a saúde oral”. Ele também destacou que, apesar do orçamento destinado à Saúde Oral ser de 30 milhões de euros, esse valor é ínfimo diante dos 15 bilhões de euros totais do Orçamento da Saúde.
Em relação aos hábitos de saúde oral, o Barómetro revela que 78,8% da população afirma escovar os dentes pelo menos duas vezes por dia, o que representa um aumento de 5,7 pontos percentuais em comparação a 2022.
Da Redação Na Rua News
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