A região Sudeste do Brasil concentra a maior parte da população em situação de rua, somando 204.714 pessoas, o que representa cerca de 63% do total nacional. Dentre os estados, São Paulo se destaca, com 139.799 indivíduos vivendo nas ruas, o que equivale a 43% do total no país. Esse número é 12 vezes superior ao registrado em 2013, quando a quantidade era de 10.890. Os estados do Rio de Janeiro e Minas Gerais também apresentam números significativos, com 30.801 e 30.244 pessoas, respectivamente.
Crescimento considerável ao longo de dez anos
De acordo com uma pesquisa do Observatório Brasileiro de Políticas Públicas para a População em Situação de Rua (OBPopRua/POLOS-UFMG), o número atual é 14 vezes maior do que o de 2013, quando eram 22.922 os brasileiros vivendo nas ruas. Segundo o coordenador André Luiz Freitas Dias, esse aumento se deve tanto à expansão do Cadastro Único (CadÚnico) como ferramenta de registro quanto à ausência de políticas públicas estruturadas nas áreas de moradia, trabalho e educação.
Educação e marginalização social
O levantamento também revela que sete em cada dez pessoas em situação de rua não completaram o ensino fundamental, e que 11% delas são analfabetas. Essa situação agrava a exclusão social, tornando ainda mais difícil o acesso a oportunidades de emprego e outras possibilidades nas cidades.
Dificuldades em São Paulo: imóveis desocupados e a escassez de políticas habitacionais
Robson César Correia de Mendonça, do Movimento Estadual da População em Situação de Rua de São Paulo, ressaltou a contradição entre o grande número de imóveis vazios e a crescente população sem moradia. De acordo com o Censo Demográfico de 2022, a capital paulista conta com cerca de 590 mil imóveis privados desocupados, enquanto o número de pessoas vivendo nas ruas chega a aproximadamente 92.556. Para Mendonça, essa discrepância evidencia a falta de vontade política para implementar soluções habitacionais, como a reabilitação de prédios ociosos para abrigar essa população.
“Se houvesse uma reforma nesses imóveis, transformando-os em moradias, poderíamos resolver uma grande parte dessa demanda e tirar muitas pessoas da situação de rua”, afirma Mendonça, destacando que essa abordagem seria mais econômica do que manter serviços como albergues.
Investimentos e dificuldades na aplicação dos recursos
Embora o problema seja grave, a Secretaria Estadual de Desenvolvimento Social de São Paulo informou que, em 2024, foram destinados R$ 156 milhões dos R$ 240 milhões do Fundo Estadual de Assistência Social para os serviços de Proteção Social Especial de Média e Alta Complexidade. No entanto, não foram apresentados dados específicos sobre a população em situação de rua no estado.
Reflexão final
A pesquisa sublinha a necessidade urgente de políticas públicas mais eficazes e estruturantes para enfrentar o aumento da população em situação de rua no Brasil. O cenário exposto reforça a importância de adotar medidas que integrem moradia, educação e trabalho como pilares fundamentais para reduzir essa vulnerabilidade social crescente.
Por Lian Lucas / Da Redação Na Rua News
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