A Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) investiga uma organização criminosa suspeita de usar caminhoneiros para distribuir drogas para as regiões Sudeste e Nordeste do país. Em operação desencadeada na última sexta-feira (18), três pessoas foram presas. Quatro suspeitos estão foragidos.
As investigações começaram no fim de 2021, a partir de apreensões de drogas realizadas pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) em diferentes estados.
A primeira foi em outubro do ano passado, quando 1,3 tonelada de maconha, 40 quilos de cloridrato de cocaína e uma pistola foram apreendidos em Umbaúba (SE).
Em novembro de 2021, um caminhão com placa do Paraná carregado com 428 kg de cloridrato de cocaína, misturados com uma carga lícita de polietileno que seria entregue a uma indústria química, foi parado pela PRF em Sarzedo, na Grande BH.
A terceira apreensão, de 1,2 tonelada de cloridrato de cocaína, ocorreu em setembro deste ano, em São José de Mipibu (RN). No mês seguinte, mais 1,1 tonelada de cocaína foi apreendida, em Montes Claros, no Norte de Minas.
Segundo o delegado Thiago Machado, chefe do Departamento Estadual de Combate ao Narcotráfico (Denarc), as investigações identificaram semelhanças entre as quatro apreensões, como o trajeto dos veículo – que vinham do Paraná e passavam por São Paulo, com direção ao Nordeste – e batedores em comum.
“Qual é a peculiaridade do modus operandi desse grupo? Eles recrutam motoristas que são pessoas lícitas, que laboram normalmente, e oferecem: ‘Nós vamos comprar um caminhão para você, vamos te dar, você vai pagar uma parte, e a gente faz o parcelamento’. Eles fornecem o caminhão, e eles (os caminhoneiros) pagam o restante do caminhão com o serviço, e esse indivíduo passa a dever ao grupo criminoso e tem que pagar com viagens”, explicou o delegado.
Segundo ele, a organização criminosa passa a controlar os caminhoneiros, indicando o que eles podem ou não carregar e para onde devem ir. As cargas lícitas transportadas são usadas para ocultar a mercadoria ilícita.
Operação ‘Nômade
No total, oito mandados de prisão temporária foram expedidos pela Justiça. Um dos alvos era um motorista de caminhão que já estava preso.
Três mandados foram cumpridos em operação na última sexta-feira (18): um homem suspeito de cuidar da logística do grupo e alugar balcões para o carregamento das drogas foi preso em Ibicuitinga (CE). A ex-mulher dele, também suspeita de trabalhar na logística, foi presa em Itapecerica da Serra (SP). Na mesma cidade, foi preso um suspeito de receber, habilitar e distribuir telefones entre o grupo criminoso, além de atuar como batedor.
“A função do batedor não é só garantir segurança na rodovia, identificar blitz, mas também passar as orientações que vêm de cima e fazer com que o motorista responsável cumpra as ordens”, afirmou o delegado.
Quatro homens estão foragidos, inclusive o principal investigado e apontado como líder do grupo criminoso. Segundo a Polícia Civil, ele é suspeito de ter ligação com um cartel do Paraguai e de ser o responsável pela entrada das drogas no Brasil.
Além dos mandados de prisão, 12 de busca e apreensão foram cumpridos na sexta-feira, nos estados de São Paulo, Ceará, Sergipe e Bahia.
As investigações continuam. De acordo com a Polícia Civil, há suspeita de envolvimento de um policial reformado do Pará na organização e de que a droga transportada pelo grupo também seja exportada para a Europa.
A instituição divulgou imagens dos foragidos. Veja:
Por G1
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