O Deputado da Assembleia da República Portuguesa e Presidente do Chega, partido da direita em Portugal, declarou aos jornalistas em Lisboa, no domingo 29/09, que a manifestação contra a “imigração descontrolada” convocada pelo partido reuniu mais de três mil pessoas e que se trata de um dia histórico. André Ventura acusou os governos de PS e PSD de não quererem mudar políticas.
“Nós queremos mais segurança, controlo de fronteiras. É um dia histórico nesta cidade, porque estão, de facto, milhares de pessoas, um país inteiro hoje aqui”, clamou.

Com o movimento neonazi de Mário Machado a tentar integrar esta ação do Chega, André Ventura disse ainda que a manifestação promovida pelo seu partido supera em muito as contramanifestações a favor da imigração e contra o Chega: “O Governo tem que registar isto também”.
“Não é uma questão de racismo”

“Não é uma questão de racismo, é uma questão de sermos um país com recursos limitados, que não consegue suprir as nossas necessidades, quanto mais acolher bem os outros”, diz Marta Marques, de 33 anos, que tem uma loja de eletrodomésticos em Vila Nova de Gaia, onde é sócia com o pai, que também esteve presente a manifestação.
“Portugal também é um país de emigrantes, e nós precisamos de pessoas, mas só podemos recebê-los com condições, não é para virem para aqui e ficarem sem abrigo”, vai dizendo Marta.
“Com mais de um milhão de imigrantes, a imigração descontrolada continua a ser um grande problema em Portugal. Principalmente porque não temos qualquer tipo de informação sobre muitos dos que cá chegam”, referiu o partido em comunicado, nessa ocasião.
No entanto, André Ventura já apelou aos responsáveis autárquicos e policiais que, por razões de segurança, travem uma contra-manifestação que disse ter sido convocada também para domingo e para os mesmos locais da manifestação do seu partido.
Em conferência de imprensa, André Ventura acusou mesmo a presidente do Grupo Parlamentar do PS, Alexandra Leitão, de ter apelado à participação nessa “contra manif” e pediu aos líderes socialista, Pedro Nuno Santos, e também do Bloco de Esquerda, Mariana Mortágua, para não o fazerem e desautorizarem nos respetivos partidos quem faz esses apelos.
““Em Portugal mandamos nós”, referiu André Ventura.
Recusou-se, no entanto, a comentar a presença de elementos de movimentos de extrema-direita na manifestação, como Mário Machado, apelando apenas a que “toda a gente que venha a esta manifestação venha por bem”.
O protesto começou pelas 16:00, tendo os manifestantes iniciado uma marcha na Alameda, com um forte dispositivo policial, e descido a Avenida Almirante Reis, em direção ao Martim Moniz.
Seguravam cartazes onde se podia ler “Expulsão de imigrantes que cometam crimes”, “Nem mais um imigrante ilegal” ou “Chega de bandalheira”.
No mesmo protesto a favor da imigração acontecia

Já no Largo do Intendente, a plataforma Não Passarão organizou um protesto, que junta várias organizações, contra a manifestação do Chega. Ao contrário do partido de extrema-direita, a Não Passarão defende a imigração.
Duas pessoas desta segunda manifestação, que também contava com uma forte presença policial, foram detidas, “por resistência e coação a funcionário”.
A PSP informou, em comunicado, que os dois detidos são um homem e uma mulher de, respetivamente, 25 e 28 anos. Foram ainda identificadas quatro pessoas “que integravam a manifestação promovida pelo Partido Chega por infração à lei de segurança privada”.
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, reagiu, entretanto, ao protesto do Chega, tendo defendido que “o direito de manifestação é um direito próprio da democracia” e que “pode por vezes haver choques, pontos de vista diversos, mas o grosso dos portugueses é muito pacífico, muito calmo, muito tranquilo”.
Desde o ano passado que existem mais cerca de 33% de estrangeiros a viver em Portugal, e mais de um milhão de imigrantes a viver legalmente no país, segundo um documento apresentado pelo Governo em junho.
Da Redação Na Rua News
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