A hotelaria de Belo Horizonte se prepara para mudanças empolgantes em 2025. Após quase 25 anos de operação sob a gestão inicial, o hotel Mercure Belo Horizonte Lourdes está a caminho de completar seu jubileu de prata, com possíveis alterações significativas em sua marca e administração. A data de assinatura do contrato original, em outubro de 2000, marca o início de uma nova era, que pode envolver uma nova bandeira para o hotel, refletindo as transformações da indústria.
Esse fenômeno, conhecido como “dança das bandeiras”, ocorre quando um hotel passa por um processo de “rebranding” ou mudança de administradora, o que geralmente resulta em uma mudança de identidade e foco, como a transformação para residencial ou outro modelo de operação. No caso em questão, isso pode significar uma nova administradora e, consequentemente, uma nova marca.
O imponente hotel, com 384 apartamentos, sendo 371 no pool hoteleiro, está localizado na Avenida do Contorno, no bairro Cidade Jardim, embora comercialmente seja posicionado em Lourdes. Sua construção foi liderada pela Construtora Líder, sob a direção de Carlos Carneiro Costa, um empresário visionário, cuja trajetória é brilhantemente narrada pelo jornalista Ozório Couto. No final da década de 1990, a Construtora Líder iniciou as obras após adquirir o terreno, e o projeto de interiores foi assinado pela renomada arquiteta Tânia Salles.
O nascimento do maior hotel de BH
Inicialmente, o condomínio foi projetado para operar sob a bandeira Parthenon, uma rede francesa de apart-hotéis que oferecia um modelo híbrido de hotelaria e moradia. Esse conceito foi criado nos anos 1980 por Jean Larcher, da Accor, que então expandia suas operações no Brasil.
À medida que as obras se aproximavam da conclusão, a gestão percebeu que o projeto tinha mais semelhanças com um grande hotel tradicional do que com um apart-hotel. Então, foi decidida a adaptação do projeto para uma bandeira mais sofisticada, capaz de oferecer maior amplitude de serviços e instalações de alta qualidade. Isso visava não só um melhor retorno para os investidores, mas também um posicionamento de mercado mais competitivo, considerando que já existiam outros três flats da Parthenon em Belo Horizonte.
Em uma assembleia geral realizada em 31 de maio de 2001, foi aprovada a mudança para a bandeira Mercure, sem necessidade de novos aportes financeiros. O hotel foi inaugurado duas semanas antes dos trágicos eventos de 11 de setembro, com um coquetel de abertura que contou com a presença de autoridades, empresários e jornalistas, além de investidores do empreendimento.
Mercure Belo Horizonte Lourdes atinge a maturidade
Com o passar dos anos, o hotel consolidou-se como um dos ícones da hotelaria local, especialmente devido à sua infraestrutura e capacidade para eventos de grande porte. Em 2024, obteve uma taxa de ocupação média de 70%, com uma diária média próxima a R$ 420,00. Graças ao programa de renúncias fiscais emergenciais, o hotel distribuiu aproximadamente R$ 17 milhões em dividendos aos investidores, parte dos quais foi reinvestida em melhorias para manter sua competitividade.
A proximidade com o Novotel Savassi, operado pela mesma administradora, gerou discussões entre os investidores. A concorrência entre esses dois hotéis, que atendem a um público similar, levou à implementação de diversas negociações contratuais e ajustes no relacionamento entre as partes.
A última renovação contratual ocorreu em março de 2018, com um novo acordo de 11 anos. Além de investimentos significativos na reforma de apartamentos e áreas comuns, o novo contrato estabeleceu um modelo de administração compartilhada entre os investidores e a administradora, promovendo maior transparência e alinhamento de interesses.
Desafios e perspectivas para o futuro
A pandemia trouxe desafios inesperados, incluindo o fechamento temporário do hotel e o fechamento definitivo do restaurante, gerando um passivo considerável. No entanto, em 2020 o hotel foi reaberto com a operação do restaurante sob a Rede Gourmet e, no ano seguinte, um novo restaurante japonês, o Udon, foi inaugurado, marcando os 20 anos de operação do hotel.
No final de 2024, os investidores decidiram formalizar a denúncia do contrato de administração, baseando-se em infrações contratuais. A decisão foi tomada com o suporte de auditorias independentes e pareceres jurídicos. Como em qualquer relação contratual, há possibilidade de defesa por parte da administradora, mas as negociações em andamento buscam um desfecho favorável para todas as partes envolvidas.
Novas operadoras interessadas
Dentre as várias operadoras interessadas na gestão do hotel, destacam-se redes como Atlantica, Louvre/Golden Tulip, Nobile, San Diego e Bristol Hotéis & Resorts. No entanto, a favorita para assumir a gestão é a Wyndham Hotels, maior franqueadora de marcas hoteleiras do mundo, que chegou a este cenário por meio de sua parceira brasileira, a Trul Hotéis.
Em paralelo, não está descartada a possibilidade de o hotel ser gerido por seus próprios proprietários, adotando uma marca reconhecida para facilitar a comercialização e divulgação. O objetivo dos investidores é garantir a manutenção da qualidade do serviço e a satisfação dos clientes, com uma gestão transparente e estratégica, focada em resultados financeiros equilibrados e na harmonia entre todos os envolvidos.
Da Redação Na Rua News/ Com supervisão de Bruna Venâncio
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