Nicolás Maduro assumiu novamente a presidência da Venezuela nesta sexta-feira (10), durante uma cerimônia solene realizada na sede da Assembleia Nacional em Caracas. O evento foi conduzido por Jorge Rodríguez, aliado do governo, e ocorreu em um contexto de forte controvérsia. As eleições que culminaram na sua reeleição, ocorridas em 28 de julho de 2024, foram amplamente criticadas pela falta de transparência, violência política e repressão a qualquer forma de oposição.
Maduro não apresentou provas concretas de sua vitória, ao contrário da oposição, que conduziu uma contagem paralela das atas eleitorais. O grupo opositor, liderado por Edmundo González Urrutia, reivindicou o triunfo, alegando que o resultado favorecia o seu candidato. Em seu discurso, Maduro afirmou: “Ninguém impõe um presidente à Venezuela”, e fez duras críticas à oposição, além de chamar o presidente argentino, Javier Milei, de “sádico social”, em uma referência à postura crítica de Milei em relação ao seu governo.
O evento também evidenciou o isolamento internacional de Maduro, com a ausência de líderes de grandes democracias. Entre as figuras presentes, estava o ditador da Nicarágua, Daniel Ortega, outro aliado do regime. Durante sua fala, Maduro também se referiu à Venezuela como parte do Brics, alegando que o país já pertencia ao bloco desde a época de Simón Bolívar, líder da independência da América Latina. A Venezuela, no entanto, ficou de fora da última expansão do bloco econômico, que inclui Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.
As eleições de 2024 ocorreram em um clima de repressão e manipulação. O regime de Maduro já havia dificultado a participação da oposição antes da votação, como no caso da candidatura barrada de María Corina Machado, uma das principais opositoras. Em vez disso, Edmundo González, um candidato menos conhecido, surgiu como a opção para contestar a reeleição de Maduro. Além disso, o governo revogou convites a observadores internacionais, alimentando ainda mais a desconfiança sobre a integridade do processo eleitoral.
Após as eleições, o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) proclamou Maduro como vencedor, com 51,2% dos votos. No entanto, a oposição, baseada nas atas eleitorais coletadas por fiscais e militantes, afirmou que González havia vencido com uma vantagem expressiva. A oposição também publicou as atas no seu site, e organizações internacionais confirmaram a autenticidade dos dados.
Enquanto isso, o CNE e a Suprema Corte, ambos controlados por aliados de Maduro, se recusaram a divulgar as atas oficiais das urnas. Em agosto, a Suprema Corte declarou que o resultado de Maduro era “irreversível”, mas manteve em sigilo os documentos essenciais para a verificação da apuração.
O governo de Maduro tem enfrentado uma crescente contestação, com vários opositores, como González, sendo forçados ao exílio, enquanto María Corina Machado segue escondida no país. O clima de tensão política se intensificou após a reeleição, e a disputa de narrativas entre governo e oposição resultou em mortes, prisões e perseguições.
Da Redação, Na Rua News
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